Suspeito de promover campanha de ódio e de ameaçar Maria da Penha é alvo de operação do MPCE
17/12/2024
Homem usava o perfil nas redes sociais para atacar a farmacêutica e chegou a ir à antiga residência onde a cearense sofreu a tentativa de homicídio. Maria da Penha, ativista e farmacêutica cearense que deu nome à Lei Maria da Penha
Divulgação/Instituto Maria da Penha
Um homem suspeito de promover ameaças e campanha de ódio contra a farmacêutica Maria da Penha através das redes sociais foi alvo de uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Ceará no último sábado (14).
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Conforme o Ministério Público, durante a operação “Echo Chamber” foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência de um dos principais investigados no estado do Espírito Santo e, também, num evento voltado ao público masculino em que o alvo participava no Rio de Janeiro.
Na ocasião, foram apreendidos equipamentos eletrônicos que serão analisados. A identidade do homem não foi revelada.
A Justiça determinou, ainda, a suspensão do perfil do suspeito na plataforma Instagram pelo período de 90 dias; a proibição dele se aproximar ou manter contato, pessoalmente ou por pessoa interposta, com Maria da Penha e suas filhas, bem como de se aproximar das residências delas; como também o impedimento de se ausentar da comarca onde reside, por mais de sete dias, sem autorização judicial, assim como do país.
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Campanha de ódio
No primeiro semestre de 2024, Maria da Penha passou a sofrer uma série de ataques de membros da extrema-direita e dos chamados “red pills” e “masculinistas”, que se reúnem em comunidades digitais para disseminar o ódio às mulheres.
Segundo as investigações realizadas pelo Ministério Público, a campanha atinge diretamente a honra de Maria da Penha, com conteúdo ofensivo e de natureza caluniosa, consistindo em possíveis delitos de intimidação sistemática virtual (“cyberbullying”), perseguição (“stalking”/”cyberstalking”), ameaça, dentre outros.
O órgão identificou um perfil com vários seguidores que produz conteúdos de natureza misógina (ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres ou meninas), deturpando informações e atacando a farmacêutica Maria da Penha.
De acordo com a apuração do MP, os riscos potenciais não se limitaram às redes sociais. O principal investigado do caso foi até a antiga residência de Maria da Pena, no Bairro Papicu, em Fortaleza, onde ela sofreu tentativa de homicídio em 1983.
O nome da operação, “Echo Chamber” (Câmara de Eco), se refere a um termo usado para descrever um ambiente em que as pessoas são expostas a informações ou ideias que reforçam suas próprias crenças, sem entrarem em contato com opiniões divergentes. No contexto deste caso, o discurso do investigado contribuiu para a propagação de uma distorção dos fatos dentro de um grupo de seguidores, criando um ciclo fechado de informações.
"Esse ciclo se caracteriza por um constante reforço das mesmas ideias, sem espaço para questionamentos ou visões alternativas, o que distorce a percepção da realidade e dificulta o confronto com informações contrárias. Assim, ao propagar um discurso unilateral, o investigado alimentou uma câmara de eco, onde os adeptos da ideia apenas confirmavam entre si as crenças já estabelecidas, sem considerar outras perspectivas", explicou o Ministério Público.
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